O
GESTO E O GRITO I
Em clima de aberração.
Óleo
sobre papel
pregado em duratex.
Preto e Branco.
2,10 x 1,00m
O
GESTO E O GRITO II
O
papel do homem
é vencer as
circunstâncias.
Óleo
sobre duratex.
2,10 x 1,80m
Colorido
O
GESTO E O GRITO III
Das
similitudes.
Óleo
sobre papel
pregado sobre duratex.
Preto e Branco.
2,10
x 2,40m
O
GESTO E O GRITO IV
Como
elucidar a verdade ?
Óleo sobre duratex
2,40 x 1,80m
Colorido
O
GESTO E O GRITO V
Como
legitimar as significações ?
Díptico
Óleo sobre duratex.
1,20 x 1,80m
Colorido
O
GESTO E O GRITO VI
Não
há necessidade de teorias.
Díptico
Óleo sobre duratex.
1,20 x 1,80m
Colorido
O
GESTO E O GRITO VII
Da
prioridade de Caim.
Díptico
Óleo sobre papel
pregado sobre duratex.
2,40 x 2,40m
Preto e branco
O
GESTO E O GRITO VIII
Pela
ciência do Homem.
Políptico
Óleo sobre papel
pregado sobre duratex.
3 x 3m
Preto, branco e cinza azulado
O
GESTO E O GRITO IX
Recrudescimento.
Díptico
Óleo sobre duratex.
2,40 x 1,80m
colorido
|
O GESTO E O GRITO
Série
A temática dos trabalhos artísticos literários
e artísticos de LADJANE BANDEIRA, sem
perda de unidade, se polariza em aspectos, aparentemente contrários
do ser humano: RAZÃO E EMOÇÃO.
Aspectos, aliás que centralizam, em todos os níveis
e setores do conhecimento, o estudo do homem, e é no nível
da emoção instintiva que esta série se insere.
Antes
mesmo de sermos jogados na vida, sem consulta prévia
e sem direitos à opção, começamos
a ser agredidos pelo tempo. Isso no leva, desde logo, ao
desejo consciente ou inconsciente de lutar contra essa transitoriedade
que nos antecede e ampliar nossa pequena eternidade"
Ladjane Bandeira - 1981 |
|
Pela fase que ela batizou de O GESTO E O GRITO,
caracterizadora da animalidade do Homem, a artista encarou frontalmente
este tema através de sua concepção estética.
Em O GESTO E O GRITO, a impressividade do desenho,
agudo e dilacerante, parece capturar o gesto para sempre e o cromatismo
com seus negros, verdes e azuis, conotar toda a violência
e toda revolta contida nos gestos do Homem.
Nos gestos dsse Homem que em sua angústia jamais resolvida,
e em seu GESTO E GRITO DE FOME E SEDE, bem como
em seu PROTESTO, também é interpretado
nestas pinturas como um tema sem resposta.
As telas são "Pintura-denúncias"
que transpondo os limites do circunstancial, quis fixar a perenidade
desse mesmo gesto e desse mesmo grito, com toda a sua força
arquetipal, e com toda a sua existencialidade mantida através
do tempos, desde que o homem é homem.
Essa animalidade sofrida de faces-feras
e de mãos transmutadas
em garras, esse grito
por justiça não apenas social mas cósmico,
- já que aqui, segundo Ladjane, fomos chegados sem consulta
prévia – constitui a mensagem da artista nesta pictórica.
ESSE GESTO E ESSE GRITO, por outro lado, não pedem somente
para serem contemplados.
Ela desejou dilacerar-nos, fazendo com que nos miremos nesta arte,
como num tenebroso espelho, no qual possamos recolher a mesma
eterna face estampada e devolvida aos nossos olhos pelo milagre
da grande arte.
Que todos percebam portanto, em O GESTO E O GRITO, também
o gesto e o grito da pintura, que impessoal enquanto artista,
porém participante enquanto criatura humana, realiza ante
os nossos olhos a simbiose destes dois testemunhos indissolúveis
porque reunidos pela alquimia estética.
E por isso ambos merecem ser compreendidos e louvados, depois
de apreendidos por um olhar mais crítico que contemplativo,
e por isso mais fiel ainda.
O ENFOQUE DA SÉRIE
O enfoque altamente expressivo do GESTO E O GRITO,
onde a pintura é tratada com adequação técnica
para maior ajustamento entre o tema e o resultado pictórico,
nos leva a reflexões sobre a AGRESSIVIDADE E VIOLÊNCIA.
Será a violência inata ? Questiona a artista.
Fará ela parte do acervo biológico do ser humano,
ou se prende ao setor psicológico com ênfase maior
do que o somático ?
Poderá ela ser eliminada através da evolução
cultural ?
É ela simplesmente destruidora ou pode ser criativa, utilizada
menos para a destruição que para a reconstrução
?
Para a artista vale apontar a DISTINÇÃO
ENTRE AGRESSÃO E VIOLÊNCIA.
A violência é própria do ser
humano, por exigir inteligência e vontade deliberada, enquanto
a agressão
se cinge ao instinto, ao irracionalismo, sendo por isso, extensiva
aos animais.
E LADJANE continua:
Haverá evolução
qualitativa e quantitativa da violência a par da evolução
da inteligência humana ?
A artista teve a intenção de induzir o público
a tais reflexões inquietantes.
Um GRITO DE ÓDIO,
Um GRITO DE AMEAÇA,
EM GRANDES DIMENSÕES.
"Nesta
série O GESTO E GRITO violentei rápida e asperamente
a superficie do suporte (duratex ou papel colado em duratex,
em grandes dimensoes) com a força das formas e do
conteúdo selvagens.
Usei dedos, pincéis, buchas de pano e algodão
para forçar a tinta (óleo) a captar um tempo
e um espaço ancestrais que ainda se condensam no
humano do século XX". (Ladjane
) |
|
Os painéis pintados a óleo, em sua maioria em preto
e branco, foram intencionalmente assim pintados para que pudéssemos
considerar mais detidamente a face oculta e terrível do
ser humano, que ainda não conseguiu, segundo se lê
nos quadros da artista, SOBREPOR A SUA RACIONALIDADE À
SUA ANIMALIDADE.
O vigor das formas, a própria violência das pinceladas,
a emoção opressiva e dramática, a ferocidade
da expressão, quase ao ponto do grotesco deliberado, aparecem
nesta série, dentro do seu gênero, numa plasticidade
de alto nível e significâncias como foi a proposta
da artista.
O BARBARISMO CONTEMPORÂNEO NA SÉRIE O GESTO E O GRITO
(
Abaixo crítica de Audálio Alves, publicada em
30 de agosto de 1981 no Catálogo de Arte, quando da inauguração
da SALA ESPECIAL LADJANE
BANDEIRA, no MUSEU DO ESTADO)
"Na profundidade da concepção e realização
da série BIOPAISAGEM,
como arte e como tese daquela forma só poderia ser plenamente
alcançada se o tempo cotidiano se equiparasse ao tempo
artístico e mental da pintora.
Lenta e minuciosamente ela a elaborou em total retiro, na intenção
de rever, sob o ponto de vista conceitual e artístico,
a definição aristotélica do homem
como animal racional, pretendendo afirmar que o
humano para ser verdadeiramente humano tem que eliminar o aspecto
animal.
Essa foi, segundo a pintora e notável crítica
de arte, uma tomada de posição contra o evidente
"barbarismo" contemporâneo que ameaça
a cultura como base para a evolução do humano;
decisiva introdução de uma temática científica
e, ou, filosófica no domínio da arte, coisa que
a generalidade dos artistas vinha e vem temendo desde muito.
Esse refinamento intelectual e sensível a levaria, logo
mais, a uma Segunda posição: O GESTO E O GRITO,
a contrastar, em muitos de seus aspectos com a BIOPAISAGEM.
Com a mesma decisão, a mesma coragem e de maneira tão
consciente quanto antes, ela se fixou no aspecto animal do ser
humano encarando, agora, o “barbarismo” contemporâneo,
de frente, sem restrições, baseada em que a
arte é um instrumento de comunicação comprometido
com sua época, quer para firmá-la aceitando-a,
quer para negá-la, rejeitando-a
Se na BIOPAISAGEM ela assumira
a rejeição e afirmara sua época negando-a
por meio de uma transcendentalidade biológica de difícil
concepção, em O GESTO E O GRITO ela se
defronta com a realidade, não para negá-la mas
para conferí-la e confessá-la como de extrema
agressividade.
Partiu, portanto, para a captação dessa selvageria
explorando o gesto e o grito como fatores de todas as épocas,
bem instintivos, ancestrais, primordiais do “animal racional”.
E tão selvagemente o fez com recursos formais e técnicos,
que não será fácil encontrar, em toda a
história da arte, momento artístico semelhante
ao seu.
Mesmo porque os artistas tiveram sempre o receio de incursões
mais esclarecedoras em busca da crueza da emoção
em toda a sua nudez devido à necessidade de agradar a
mecenas e compradores.
Sem ater-se a preconceitos de qualquer espécie, LADJANE
artista, LADJANE crítico de arte, está segura
para trilhar tais caminhos comprometendo-se com a ameaçadora
insegurança da nossa época de transição.
Em O GESTO E O GRITO abandonou sua anterior leveza de traço
que a tornou conhecida como um dos melhores desenhistas do país,
para surgir com um inesperado vigor de desenho, cor e forma
na recriação da anatomia humana captada às
do gesto e do grito.
Numa fase como na outra, vê-se a artista experiente, amadurecida,
dominando a arte com a consciência e a coragem de mestre."
Recife, 30 de agosto de 1981
AUDÁLIO ALVES
|
|
O
GESTO E O GRITO X
Agravante
dos exageros.
Óleo sobre papel
pregado sobre duratex.
2,10 x 1,00m
colorido |
O
GESTO E O GRITO X
Agravante
dos exageros.
(Variante)
Óleo sobre papel
pregado sobre duratex.
2,10 x 1,00m
Preto e branco |
Peças isoladas
|
|
|
A
infinitude
do Grito Oceânico |
O
espaço e o
tempo no Gesto |
Guerra
II
Bico de pena - 1982 |
|